quarta-feira, 28 de setembro de 2016

"Escola sem partido" ou escola sem pensamento crítico?


"O movimento Escola Sem Partido foi criado em 2004 pelo advogado Miguel Nagib, mas ganhou força no início do ano passado com a apresentação do Projeto de Lei nº 867/2015, de autoria do deputado Izalci (PSDB/DF). O objetivo é incluir entre as diretrizes e bases da educação nacional o "Programa Escola sem Partido". Nele, os professores devem seguir cinco orientações sobre como se portar em sala de aula, em nome de uma “neutralidade ideológica” no ensino. O projeto vem sendo duramente criticado por profissionais da educação, enquanto é apoiado por setores mais conservadores da sociedade. O tema ganhou destaque na agenda política e já está com projetos sendo desenvolvidos no plano Federal, Estadual e Municipal. Em Alagoas, sob o nome de “Escola Livre”, o projeto foi aprovado pelos deputados, vetado logo na sequência pelo governador, mas ainda assim foi publicado no Diário Oficial devido à derrubada do veto pelos mesmos deputados. 

A discussão sobre o Escola Sem Partido passa principalmente pelo papel que atribuímos às escolas. Enquanto os apoiadores defendem que a formação moral do cidadão deve ser restrita ao âmbito familiar, profissionais da educação ressaltam a importância do ambiente escolar para ensinar valores como diversidade, igualdade e inclusão, por exemplo, através do convívio e aprendizado de questões que vão além do espaço familiar/privado, entrando no social/público. 

Até mesmo a constitucionalidade do projeto é debatida por advogados, já que em seu artigo 205 a Constituição Federal afirma: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A tentativa de abolir os direitos do professor chega ao extremo na justificativa do projeto, na qual se afirma explicitamente que “não existe liberdade de expressão no exercício estrito da atividade docente”, ou seja, a proposta usurpa dos professores a liberdade de expressão, garantida a todos os cidadãos brasileiros pela Constituição Federal (Art. 5º, IX).

O Sala Debate recebe Fernando de Araujo Penna, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, e Miguel Naggib, autor do projeto Escola Sem Partido."


SENADO ABRE CONSULTA PÚBLICA SOBRE MEDIDA PROVISÓRIA nº 746 de 2016 DE REFORMA DO ENSINO MÉDIO

Como é evidente circulando em notícias de todos os meios de comunicação, o governo federal na gestão do atual presidente da república Michel Temer intenta instituir uma reforma na Política de Educação, especialmente na Educação Básica - nível Ensino Médio, que dentre outras medidas, retira a obrigatoriedade das disciplinas de Artes e Educação Física de qualquer série do ensino médio.

Posto isto, vemos a importância de nos mobilizarmos, ao percebermos as problemáticas que tais propostas de reforma contém e ao entendermos que o processo de escolarização possui, dentre outros objetivos, o de propiciar aos sujeitos a apropriação de conhecimentos das mais diversas áreas, enquanto sendo um direito elementar o acesso aos conhecimentos científicos já acumulados pela comunidade humana, para a formação de identidade, preparação para o mundo do trabalho, para o desenvolvimento do senso crítico e a construção de cidadania ativa. 

Entendemos que os problemas e dificuldades envolvendo os sistemas de ensino precisam ser analisados de forma aprofundada e democrática com ampla participação da comunidade, não sob uma forma de instituição de medida provisória que se caracteriza como autoritária e omissa para com a legalidade e a democracia, para que sejam construídos caminhos e estratégias que contemplem a educação escolar em suas múltiplas dimensões na formação do ser humano em sua integralidade, para além somente da inserção no mercado de trabalho.

Acesse o site da Consulta Pública, leia na íntegra a proposta de Medida Provisória Nº 746, e vote contra!